Uma demonstração da multiplicidade da atual produção brasileira no campo do cinema e do audiovisual pelas lentes de jovens realizadores. Essa é a proposta da V Mostra Outros Cinemas que será aberta, hoje, às 19h, com a exibição do longa-metragem “O salmo vermelho”, drama de guerra húngaro, dirigido por Miklós Jancsó, vencedor do Festival de Cannes de 1972, no auditório da Casa Amarela Eusélio Oliveira, no Benfica. Até o dia primeiro de novembro, quando a mostra ficará encerrada com o longa “Manuscritos da Lagoa Verde”, do cineasta cearense Firmino Holanda, apreciadores da Sétima Arte, em especial do cinema experimental, vão conferir 21 curtas-metragens (ficções, documentários e animações) selecionados entre os 100 trabalhos inscritos. A abertura da programação será marcada por uma homenagem ao cinema.
Evento é oportunidade para ter acesso a filmes que dificilmente são exibidos e que são retrato da pluralidade das regiões. Muitos são inéditos no Ceará.A curadora e diretora da mostra Outros Cinemas, Bárbara Cariry, festeja a dimensão que o festival vem alcançando. Mais do que ressaltar a quantidade de trabalhos recebidos, concentra sua fala na qualidade e na diversidade dos filmes apresentados. Embora considere ser o cinema uma linguagem única, cada diretor tem sua forma de fazer.Essas diferenças são observadas ao analisar as obras de diversas regiões do País, como por exemplo do Norte, de onde só vieram filmes de ficção, diz, completando que o Sul participa com filmes de terror e documentários. “A diversidade é muito importante tanto de temas quanto na estética”, afirma Bárbara Cariry.
A região Nordeste destaca-se pela animação, afirmando que dos três filmes de Pernambuco, dois são de animação. O Ceará apresenta uma animação com formato diferente. Trata-se de “Balada do guarda-roupa”, de Diego Akel, destaca.
Outro ponto ressaltado diz respeito ao público específico que vem sendo formado ao longo dos anos de criação da mostra. A cineasta lembra de outros festivais que acontecem na cidade, citando o Festival Noia e o Cine Ceará. Bárbara atribui essa efervescência em torno da produção cinematográfica e de audiovisual no Ceará, nos últimos cinco anos, à criação dos cursos superiores de cinema.
Esclarece que a mostra teve origem a partir de projeto quando fazia o curso de Audiovisual na Universidade de Fortaleza (Unifor). “A gente sentiu necessidade de criar um espaço para mostrar a produção de novos realizadores”, argumenta, completando que o primeiro festival de cinema universitário originou a mostra Outros Cinemas. Democrática, o evento é aberto também a realizadores que estão fora do circuito universitário de produção de audiovisual e cinema. Um dos principais requisitos é “fazer um bom cinema” quer tenha apoio ou não. A mostra se propõe a apresentar ao público cearense filmes inéditos, sendo que alguns foram passados em circuitos de festivais.
“Serão apresentados três filmes do Sul inéditos no Ceará”, diz Bárbara, explicando que são obras de jovens realizadores. Muitos são feitos por universitários. Para ela, a criação das escolas de cinema ajuda a fomentar a produção cinematográfica no Brasil. No Ceará, é possível perceber que o nível da nova safra de cineastas está sendo aprimorado. Com relação à mostra, Bárbara considera que, a cada ano, mais pessoas tomam conhecimento do projeto, assim como a quantidade de filmes inscritos vem aumentando.
“Do Norte vieram 10 filmes”, observa Bárbara Cariry, ressalvando que, muitas vezes, essa produção não chegava a ser vista no Sul. “A mostra dá a possibilidade de o Brasil ir se conhecendo”. Alguns são mais clássicos, outros, experimentais; não importa a forma, mas sim o resultado final. “O interessante é misturar tudo, seja em formatos ou linguagens”, ressalta Bárbara Cariry, que comemora o aumento na produção e na melhoria da qualidade estética do cinema cearense, nos últimos anos.
Longas
Bárbara Cariry destaca que a mostra sempre apresenta dois longas-metragens. Dessa vez, traz o festejado “O salmo vermelho”, do cineasta húngaro Miklós Jancsó, vencedor do Festival de Cannes de 1972. Na trama, trabalhadores rurais da Hungria pós-guerra querem o direito à dignidade. Por meio de ideias socialistas e música, eles lutam pela sua liberdade.
A obra é considerada como um dos mais belos filmes pró-socialismo já realizados. Para encerrar a mostra, no dia primeiro de novembro, será exibido o filme “Manuscritos da Lagoa Verde”, do cineasta cearense Firmino Holanda, inédito no Ceará.
“O filme foi apresentado nas mostras do Rio de Janeiro e de São Paulo”, revela Bárbara Cariry. O longa versa sobre as criaturas históricas e imaginárias, surgidas desde antes da era Vargas, que descansam em arquivos e museus.
“Entretanto, algumas resistem no rumor das praças. Nessa colagem dramático-documental, índios, cangaceiros, marginais urbanos, fascistas, lombrosianos, monstros, líderes e heróis fracassados emergem do lodo da memória brasileira”, afirma.
Após a exibição do longa que marca o encerramento da V mostra Outros Cinema”, o público está convidado a participar de festa, no Mocó Studio (Rua José Avelino, 563, na Praia de Iracema”, a partir das 22 horas.
Entre os DJ´s convidados: Fernando Poser, Maurício Macedo, Dayse Barreto, Vanessão da BR e Bárbara Cariry. Os ingressos custam R$ 10. (IS)
Mais informações:
V Mostra Outros Cinemas – de 29 de outubro a 1º de novembro, às 19 horas, na Casa Amarela Eusélio Oliveira (Av. da Universidade, 2591 – Benfica). Contato: (85) 3212.1585
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com

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