Desde a ascenção da produção digital e, consequentemente, o maior acesso à equipamentos de captação de vídeo, a busca pelo visual ‘cinematográfico’ sempre foi uma constante no universo dos videomakers.
Com o surgimento das primeiras camcorders e a possibilidade de se gravar em 24 fps – taxa de quadros utilizada pelo padrão cinematográfico – até os adaptadores de lentes 35mm, como o famoso Letus Cine, o mercado de vendas voltado para a produção de baixo orçamento disparou.
Nesta perspectiva, não podemos deixar de citar o Boomrevolucionário das DSLRS com seus sensores maiores e preços ainda mais acessíveis. Estas pequenas notáveis trouxeram uma versatilidade audiovisual nunca antes pensada para uma camera fotográfica, fazendo crescer não apenas a qualidade como também a quantidade do que é produzido no Brasil e no mundo.
E, se as DSLRS fizeram (e continuam fazendo) história pela sua possibilidade de se conseguir imagens cada vez mais cinematográficas, uma ferramenta por vezes esquecida nos baús dos colecionadores vintages parece estar ganhando vida e popularidade para colocar mais tempero nesta dieta: os adaptadores anamórficos.
 
Origens do formato anamórfico:
Se você costuma assistir filmes em uma TV Widescreen com padrão 16:9, provavelmene já notou que algumas produções apresentam barras pretas mais largas nas extremidades da tela. Isso acontece pelo fato desses filmes terem sido rodados em uma proporção mais larga que o widescreen, conhecida como padrão anamórfico.
Este formato permite aos cineastas comporem cenas de um jeito mais livre, podendo explorar mais a horizontalidade do plano, conseguir um bokeh mais ovalado em cenas com baixa profundidade de campo, além de um flare fino e azulado, muito utilizado em filmes de ficção científica, por exemplo.
Imagem 01
Cena do filme Star Trek (J.J. Adams). Em filmes de ficção científica, o emprego das anamórficas é usado para criar flares diferencias.
No que diz respeito às proporções, são diversos os formatos usados na captação anamórfica: 1:2.35, 1:2.70, 1:3.56. O primeiro, no entanto, ficou mais famoso e conhecido: “Cinemascope”.
O lançamento do formato Cinemascope (1953) e o aumento da largura do quadro nas câmeras, obrigatoriamente também levariam a conseqüências diretas na exibição em telas de cinema, como poder mostrar o dobro da largura normal. Mas a meta era fazer isso sem aumentar os custos de produção – o que se dá quando há a troca de equipamentos, uso de filmes especiais (como os de 70mm) e de lentes dedicadas.
Na solução desenvolvida pela indústria audiovisual, as captações e exibições em Cinemascope poderiam então adotar o uso da mesma película 35mm e seus equipamentos para obter o tal do efeito “Cinemascope”.
Mas como fazer uma imagem mais larga caber em um negative de proporções menores? A resposta foi o uso de lentes anamórficas adaptadas. Elas “comprimiam” a imagem na largura por meios óticos, possibilitando um campo visual maior ser captado na mesma área reduzida do negativo tradicional. Posteriormente, na exibição, o uso das mesmas lentes anamórficas nos projetores das salas de cinema expandiam a imagem, criando uma janela de exibição com o formato 2.35:1.
E são exatamente essas lentes/adaptadores, de história tão antiga no cinema, que alguns diretores de fotografia vem experimentando para uso com câmeras digitais.
Imagem 2
Imagem captada com lente anamorphica compactada no negativo de 35mm e imagem projetada em seu formato de exibição.
 
Os adaptadores
O processo não é exatamente simples, mas funciona bem adaptado a um workflow DSLR, por exemplo. Para conseguir o efeito é necessário acoplar as lentes anamórficas por meio de clamps e alguns tubos extensores presos a uma lente fixa.
Em câmeras com fator de Crop 1.6x (APS-C), recomenda-se a utilização de uma lente 50mm. Já em uma DSLR Full Frame, por exemplo, é utilizada uma lente mais longa, de 85mm ou 100mm.
A grande dificuldade na técnica fica por conta de trabalhar o foco de ambas as lentes para cada tomada a ser feita. Algums artifícios são usados para facilitar este processo, como apontar uma fonte luminosa para lente até que o flare seja alinhado horizontalmente.
Dentre os adptadores mais cobiçados, estão os Iscoramas da empresa alemã ISCO. Estes possuem uma montagem diferente que permite deixar a lente fixa focada em infinito e focar apenas o adaptador.
A lente possui anel de focagem próprio, com distância mínima de 1,5 metros. Distância essa que pode ser reduzida com o uso de diopters ou filtros close-up, facilmente encontrados no mercado.
IMAGEM 3
Lente anamórfica Isco SuperStar. R$1700,00 no Mercado Livre.
No vídeo abaixo, a empresa VidAtlantic, que fabrica anéis e tubos adaptadores para os Iscoramas e outros adaptadores anamórficos, é demonstrado um pouco do processo de montagem e focagem das ferramentas:
 
Além dos Iscos (descontinuados em 2001), existem diversos outros adaptadores anamórficos que podem ser encontrados no mercado, como Kowa 16-H/8-Z e Sankor 16-C, com preço um pouco mais acessível, mas, cada qual, com sua particularidade.
Porém, com o aumento da procura, essas peças que antes eram compradas por um preço menor de colecionadores no ebay, sofreram um hipervalorização, sendo quase impossível, por exemplo, conseguir um Iscorama por menos de US$400,00.
Há uma série de razões pelas quais você pode querer adotar o visual anamórfico ou não. O ideal é pesquisar bastante e ver se esse atrativo visual se encaixa na história que você quer contar e também no seu bolso.
http://www.videoguru.com.br/adaptadores-anamorficos-mais-um-passo-a-caminho-do-cinelook.html

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